9 de abril de 2013

David Bowie é uma exposição incrível!


Semana passada consegui ver (por um acaso lindo da vida) a exposição David Bowie is... (patrocinada pela Gucci e apoiada pela Sennheiser) que está no Museu Victoria & Albert, em Londres e só o fato de estar lotada até maio já mostra ao que ela veio. É incrível, mas não é o David Bowie que faz com que ela seja incrível. Quer dizer, é ele TAMBÉM.

Com mais de 300 objetos entre figurinos, sketchs, letras rabiscadas, brinquedos, fotos, etc David Bowie is... é um mundo de informação organizado em salas menores do que se esperaria para o tamanho do acervo. Tendo isso em mente, a exposição tem uma das melhores expografias que vi nos últimos tempos. O público entra em um mundo de paredes e chão pretos, as vezes quebrados por neons coloridos, rasgos laranjas ou TV's exibindo entrevistas, videoclipes ou filmes de Bowie, e afunda no mundo multitalentoso do cantor.

Os textos são sucintos e sem aquela lenga-lenga conceitual de curadores querendo impressionar e tudo, absolutamente, tudo tem uma explicação. Tudo bem que em letras pretas sobre fundo preto me fizeram pensar diversas vezes What the hell...?! mas tirando isso, a exposição é  cenograficamente impecável. Sem as psicodelias, enlouquecimentos ou cenografias exageradas que poderíamos imaginar ao tentar atrelar Bowie a um conceito visual, a exposição prima pelo básico e deixa saltar aos olhos as cores do personagem através de seus figurinos, vídeos e desenhos.

Em uma determinada sala, dois telões gigantes exibem shows do cantor sobre finas telas de tecido translúcido e nichos exibem os diversos modelos usados por ele em cena. Em outra, uma "cabana" guarda trabalhos de uma fase do cantor na Alemanha e outra guarda apenas figurinos e cubos flutuantes com projeções.

A característica teatral de Bowie fica confinada ao seu trabalho e performances e o público se sente quase na mente do artista, envoltos no preto e olhando uma coisa de cada vez sem achar que a qualquer momento entrará em uma grande viagem alucinógena apesar da quantidade de coisas (o tempo sugerido dentro da exposição e de 1 hora e meia). Essa sensação de imersão é aumentada pela grande sacada da Sennheiser, marca de equipamentos de áudio que criou um áudio-guia especial para a exposição, e do qual não se pode abrir mão. De posse dos fones e de um pequeno transmissor, o visitante caminha pela exposição tendo seu áudio acionado automaticamente a cada posição que ele toma no percurso. Sem a necessidade de apertar botões ou escolher números, o áudio liga em sincronia total com o que está passando em cada uma das dezenas de TV's, toca músicas de acordo com cada figurino, inicia no exato ponto em que você olhou para um videoclipe, basta que o visitante esteja parado no raio dos sensores e tchan! mágica feita! Tudo isso sem um ruído, mal contato, interferência, nada. E um áudio limpo, claro, perfeito e, segundo o pessoal da Sennheiser, 3D.


Cacei na internet o escritório ou responsável pela exposição mas não achei, então acredito que tenha sido a própria equipe do museu que tenha elaborado a expografia. Ou seja, coitada da pobre alma gênia que transformou David Bowie is... em David Bowie is a fucking awesome exhibition!






Como não pode tirar fotos na exposição, essas são dos sites: news.com.au e euronews.com

3 de fevereiro de 2013

Ano Novo, Casa Nova

Em Abril de 2012, pedi a um bombeiro para consertar uma infiltração que fazia o chão de tábua corrida da minha casa estufar. Depois de dois dias de "pesquisa" ele conseguiu esquecer uma torneira aberta e o apartamento encheu d'água, coisa de 3 dedos em todos os cômodos, e eu tive que assistir meu chão lentamente agonizar, empenando em cada cantinho, estertorando aos pouquinhos, nos dias que se seguiram.

Desde então, minha casa está ao Deus-dará. Sabe quando você perde a confiança? Quando você, por puro desespero, entrega os pontos pra Deus? Minha casa é isso desde então. Um poço de falta de força de vontade.
Até que.

2013 chegou e tá na hora de salvar meu canto. Contrariando todos os traços da minha personalidade elaborei uma lista de problemas de todos os cômodos, a começar pela sala e, com um prazer vingativo cortarei item por item até o meio deste ano. 

Começando pela sala, que é essa:



O que vai mudar?
1 - chão, obviamente. Nova tábua corrida.
2 - cores das paredes. Tons de azul!
3 - tapete (que manchou na inundação)

E as referências, já que não sou nada sem elas:



Me aguardem!!








28 de outubro de 2012

Dos filmes que a gente gostaria de ter feito

Não tem o que fazer no final de semana? Vá ver Moonrise Kingdom, novo filme de Wes Anderson e minha mais nova paixão cinematográfica. Adultos nostálgicos, um ritmo a dois passos do arrastado, crianças estranhamente adultas e cores, figurinos e cenários. Simplesmente um daqueles filmes "queria-ter-feito-sentaí-e-chora". Obviamente algo assim não escaparia desta pequena compilação de coisas que amo.


Desde que vi o submarino partido ao meio de Steve Zissou, Anderson foi alçado ao meu céu dos "diretores dos diretores de arte" junto com Tim Burton, Jean-Pierre Jeunet e Michel Gondry. E eu poderia seguir aqui sobre como a arte do Anderson completa a sua temática e como o hiperrealismo que ele sugere na sua direção de arte contribui para realçar o fato de, em Moonrise Kingdom, estarmos falando de crianças que querem ser adultos e adultos que parecem ter esquecido como ser crianças e de como ele curte um cara num gorro de lã. Poderia, mas aqui, maior que Wes Anderson, é Adam Stockhausen, seu diretor de arte.

Achei duas entrevistas curtas com ele aqui e aqui e com a set decorator e sua assistente aqui e fica bem claro como o trabalho para um filme desses vem de pesquisa e garimpagem mais do que ficar pirando sentado junto com o diretor. Mesmo não sendo um filme realista, as referências de Moonrise Kingdom, são. Stockhausen foi buscar em casas e acampamentos de verdade a essência do que queria para depois, com ajuda da equipe, tornar realidade uma atmosfera imaginada.



Moonrise Kingdom se passa todo em uma ilha inventada chamada New Penzance.

Casa da personagem principal onde é a câmera consegue girar 360º mostrando diferentes cômodos.

Acampamento Ivanhoé, onde Sam mora.



Acampamento de Suzy e Sam.
Abaixo, o famoso submarino de Steve Zissou.

8 de setembro de 2012

Oi, oi, oi?

Quando comecei esse post eu ia atentar para o fato de porquê as casas de subúrbio de Avenida Brasil tinham papel de parede ou azulejos anos 70. Mas aí, na pesquisa das fotos e também assistindo aos episódios da novela percebi que a questão não eram os anos 70 e sim, algo muito mais interessante. Todo mundo sabe que parede lisa em qualquer cena é furada, por isso, os cenógrafos de Avenida Brasil decidiram dar uma inovada nas paredes. Quadros, cores fortes e papel de parede foram substituídos por azulejos com grafismos, cobogós, tijolos vazados e até garrafa PET tudo para descolar o fundo dos atores e, de vez em quando, proporcionar um recorte de luz incrível.

E quem diria, que novela também é cenário!


Mãe Lucinda e suas garrafas PET. Musa Rio +20.

Cobogó ultra-moderno ou escultura?

Parede com vigas prateadas?


Casa da Monalisa tem no mínimo 3 paredes diferentes. E eu não consegui achar a foto dos tijolos vazados da cozinha.



29 de junho de 2012

E quando não tem parede?

Pois é, e quando não tem? Tem direção de arte, tem cenografia, tem decoração? Tem. Obviamente você não faz um filme em qualquer esquina. Quer dizer, até faz, mas uma esquina mais bacana é sempre melhor que qualquer esquina. É o caso desse filminho que fiz com uns amigos (e que recebe agora os aplusos devidos). Queríamos trazer a cidade para dentro da história, então fomos atrás de lugares clássicos: a praia com o Dois Irmãos ao fundo, a praia de Botafogo com o bondinho, o Lamas. Até quando podia ser qualquer esquina ou qualquer bar a gente procurou um lugar mais lega, mais "fotogênico".
Vejam aí!
 

 

9 de maio de 2012

É isso aí, depois de 15 dias de montagem as exposições nas quais trabalhei foram inauguradas e agora já posso pra falar delas do jeito que eu queria.

A primeira está em exibição na Cinelândia, no Rio de Janeiro. "A Terra Vista do Céu" reúne diversas fotos de Yann Arthus-Bertrand, fotógrafo especializado em imagens aéreas com foco na natureza e com um grande trabalho de em prol da ecologia e sustentabilidade. O briefing inicial era o seguinte: montar uma exposição itinerante com 130 fotos de quase 1,80m de largura ao ar livre e em uma das praças mais movimentadas do Rio de Janeiro. Além de projetar suportes para as fotos a proposta ainda englobava um Centro de Visitantes para 40 crianças e um grande mapa-múndi onde as pessoas pudessem andar sobre os continentes.

Detalhes técnicos:
Horário de Funcionamento: praticamente 24 horas pois, apesar das luzes dos suportes estarem marcadas para apagar às 20:00, a Cinelândia tem luz a noite inteira.
As fotos foram impressas em chapas de alumínio chamadas alucobond.
Como organizar 130 painéis fotográficos pela praça sem atrapalhar a passagem mas ao mesmo tempo dando espaço para que pudessem ser vistos com clareza.

Pedidos do cliente:
- Levar em consideração o uso de soluções sustentáveis como bambu e  placas fotovoltaicas.
- Desenvolver um suporte discreto, bonito e que realçasse as fotos.
- O Centro de Visitantes precisava ser coberto pois mesmo com chuva os eventos programados tinham que acontecer.

Ok. Maaaaarque o teeeeempo!

Partimos para uma pesquisa de referência, sempre a parte mais legal do trabalho. Todas  seguiam pelo caminho do sustentável com o bambu, materiais crus, formas orgânicas e espaços permeáveis onde a Cinelândia e a exposição se misturassem. Uma das sugestões era que o centro de visitantes fosse uma geodésia no meio da praça ou uma área ampla onde as pessoas pudessem socializar e sair um pouco do corre-corre do centro da cidade. 





O que fomos descobrindo com o tempo é que construir ecologicamente ainda é uma utopia. Podem me jogar pedras (virtuais ou não), mas é verdade. Bambu e placa fotovoltaica são incríveis, mas caros. Tecidos crus, contagem de emissão de carbono? Lindo, específico e... caro. E não, nós não faríamos uma casa de barro com lixo dentro das paredes porque... enfim... parede com lixo dentro já diz bastante coisa. A pesquisa seguiu em frente.













Chegamos a três modelos de expositores para as fotos, um de bambu, um de andaime (a grande sacada do andaime era que ele dura uma vida inteira, existe em qualquer cidade e pode ser facilmente desmontado e transportado) e um de metalon. Resultado: o de andaime era ruim de dar acabamento, o de metalon era feinho e o bambu era MUITO mais caro. Sim, eu repito essa palavra constantemente e não é porque eu não tenha gostado da possibilidade de trabalhar com um material novo. Pelo contrário, aprendemos muito durante a pesquisa com as empresas de bambu. O problema todo, a meu ver, continua sendo a especificidade. Não é qualquer um que projeta em bambu, não é qualquer bambu que serve, você não pode guardá-lo em qualquer galpão no cais do porto, por exemplo. Isso tudo aumenta os valores tanto o monetário quanto o agregado e, as vezes, a gente precisa escolher e como um facebook barato diria, "cada escolha uma renúncia..."

Enfim, seguindo nas pesquisas e testes, mexendo daqui e dali, rascunhando todas as idéias e sete projetos diferentes para o Centro de Visitantes depois saímos disso:
Expositor de Andaime





Primeiro Centro de Visitantes carinhosamente apelidado de ThunderDome (lembram do MadMax?)



Para isso: 

Expositor Triangular que vocês poderão ver lá na Cinelândia feito com o mínimo de madeira possível e que  não competia com as fotos do artista.




Centro de Visitantes que mistura madeira e tela verde que não isola totalmente o ambiente externo.


E agora, saindo do computador e indo para a vida real:












Lindo, né?
Agora dá um pulinho lá na hora do almoço ou no final de semana. :)








A Terra Vista do Céu foi produzida pela Bonfilm, projetada pela M+E Design, iluminada pela BeLight e adesivada pela Fotosfera.


16 de abril de 2012

Ai que saudades que tenho...

Tenho saudades de coisas que não vivi, é tipo nostalgia só que diferente. Uma delas é andar pelo Rio na época em que a Praça Paris não era cercada nem tinha nossas "colegas", que a Rio Branco terminava no mar, que descia-se do Hotel Glória para pisar na areia e que o Edifício Victor, na Rua Riachuelo esquina com Lavradio, guardava uma senhorinha distintíssima que tomava chá em samovares de prata. Mas, principalmente, sinto falta de ir ao cinema. Ir ao cinema quando o São Luiz abrigava 1.794 pessoas. Sinto falta de ver um filme quando 1.794 pessoas também quisessem vê-lo junto comigo. Ir ao cinema quando o Roxy (que abrigava 950 pessoas) apagava as luzes em volta da sua tela de uma maneira quase onírica saindo do laranja para o azul, quando a Bombonière Pathé ainda tinha caramelos em seus vidros. Sinto falta de ir ao Azteca e ver "las peliculas Pel-Mex". Saudade de assentos para quatro pessoas, de tomar uísque na sala dos fundos e ainda assim ver o filme, saudades dos pisos de mármore branco, dos lustres enormes nos tetos trabalhados e sentar no balcão. Uma saudade assim meio lanterninha.

Cine Azteca (só exibia filmes mexicanos)

Cine Palácio

São Luiz lotado

Trio de peso: Capitólio, Odeon e Pathé na Cinelândia.

Cine São Luiz - 1.794 pessoas

Interior do Cine São Luiz (sim! aquele que continua lá no Largo do Machado!)