Pra quem prefere ver em movimento, lá no final tem o trailer.
Direção de arte, cenografia, design, décor, cinema, moda, artes plásticas, fotografia, enfim, um pouco de tudo para, no fim, tudo virar Direção de Arte.
8 de novembro de 2011
"O Palhaço" de Selton Mello
Tempos em silêncio mas as fotos de hoje pagam o tempo de blog parado. Mais um cenário incrível de um filme brasileiro. "O Palhaço" de Selton Mello com o próprio e Paulo José é lindo de se ver. Um circo quase tirado da imaginação de todos nós. Trabalho impecável de Claudio Amaral Peixoto.
17 de agosto de 2011
Ao Ar-Livre
6 de agosto de 2011
Haja Azul!
Sabe quando dizem que listras e xadrez não combinam? E que dois tipos de estampas muito dramáticas não podem ir junto? Então, os turcos não aprenderam nada disso! Pelo menos não na decoração...
Todos os grandes monumentos de Istambul são decorados com azulejos de Iznik que são primos orientais mais velhos dos nossos azulejos portugueses. As peças de Iznik (cidade onde começaram a ser produzidas no século XVI, tendo como base a porcelana chinesa) tem basicamente 4 cores: azul cobalto, azul turquesa (eleito cor do ano há pouco tempo), vermelho (não sai de moda) e verde. Mas também podem ter preto, cinza e roxo. A pintura é feita a mão e é altamente complexa podendo cada azulejo ser uma peça que se repete para criar uma padronagem intricada ou uma parte de um desenho mosaicado completo.
Mas o meu ponto não é SÓ o azulejo, que por si só já é incrível, e sim, como eu disse lá em cima, que os turcos não tem problema nenhum em misturar todos os tipos de padronagem em um só cômodo ou mesmo em uma só parede e manter uma harmonia fundamental para que os ambientes não ficassem que nem a casa do Oswaldo Montenegro. O exemplo disso é o Palácio Topkapi e da Mesquita Azul. Fugir da regra ás vezes pode ser algo para ficar na história...
2 de agosto de 2011
Diretamente do Museu
Na verdade, antes de chegar em Praga eu passei por lugares incríveis e inspiradores que renderam umas boas anotações e que devem encher essas páginas virtuais por alguns dias ainda. O primeiro de todos esses lugares foi o Istambul Modern, o museu de arte contemporânea de Istambul, que, acreditem, eu nem curto arte contemporânea, é muito interessante!
Mostro aqui as obras mais "cenográficas" que encontrei por lá.
O "Red Emotional Globe" de Olafur Eliasson
Um mestre das projeções, Tony Oursler. No Istambul Modern está a instalação "clouds" onde ele projeta sobre nuvens de algodão mas como não pode tirar fotos no museu e o google não me ajudou (pela primeira vez na vida) vai aqui a foto de um outro trabalho dele.
Foto de iheartmyart.com |
Ainda nas projeções, a instalação "Saffron Flower or Fall Time Less" de Pipilotti Rist misturou imagem e objetos pendurados, tudo bem que era lixo e que havia um motivo muito maior para estar ali, mas o efeito funciona muito bem.
Querendo uma idéia de peso e presença e não tão impossível? Que tal um elefante quase 3D? Aprenda com Ayse Erkmen e a escultura "Fil".
E de tudo isso, o mais lindo é a biblioteca.
Com esse céu de livros você praticamente pode ouvir J. L. Borges falando: "Para mim o Paraíso, sempre foi algo como uma biblioteca."
29 de julho de 2011
Diários de Praga - Último Dia!!
Eu não sei desenhar. Nunca soube. Já fiz curso para melhorar, meu nível chega a um "ok, querida, quem sabe na próxima encarnação.", então, ver os projetos da Quadrienal era quase um anúncio que eu estava acabada como profissional. Porém, um evento desse sempre traz surpresas...
Descobri que para mostrar minhas idéias eu posso:
escrever tudo o que passa pela minha cabeça...
... posso fazer pranchas de referências...
... posso fazer maquetes incríveis...
... um projeto detalhadíssimo...
... ou simplesmente pedir ajuda ao meu irmãozinho.
20 de julho de 2011
Diários de Praga 5 - E a Triga de Ouro vai para...
A Quadrienal não teria tudo isso se não existisse um prêmio. A Triga de Ouro. Confesso que demorei pra entender o "triga" mas depois percebi que triga era uma biga, só que com três cavalos. Mongolices a parte, quando eu cheguei em Praga a Triga tinha acabado de ser entregue e, qual não foi minha felicidade ao saber, que o grande campeão havia sido o stand do Brasil! Pela segunda vez, na verdade.
Alguém se lembra do post sobre a instalação de fita adesiva? Pois é, são eles de novo! O Numen também faz cenografia e ganhou o prêmio pela forma como seus designs incentivam os diretores a trabalharem de novas maneiras.
De acordo com o Juri:
"The exhibit offers a vivid sense of the national identity and the vital spirit of creativity that animates Brazil; a current that flows from its cultural sources and continues spontaneously to open new scenographic horizons.
The exhibit also gives an impression of the rich diversity and the range of scenographies and productions that take place in Brazil. Equal place is given to street art, site-specific interventions, socially conscious performance, puppetry as well as to more conventional theatre. The jury acknowledges the ingenuity in resolving a number of design issues in the works presented. The exhibition is presented with flair, sensitivity and style."
The exhibit also gives an impression of the rich diversity and the range of scenographies and productions that take place in Brazil. Equal place is given to street art, site-specific interventions, socially conscious performance, puppetry as well as to more conventional theatre. The jury acknowledges the ingenuity in resolving a number of design issues in the works presented. The exhibition is presented with flair, sensitivity and style."
Realmente, o projeto brasileiro estava muito bem amarrado graças a autenticidade do stand. O fato de ter usado o território e a cultura de maneira aberta e sem necessidade de internacionalizações com certeza cativou o juri, como cativou a grande parte do evento. Sem contar na curadoria cuidadosa que, ao contrário, de muitos países priorizaou diferentes espetáculos e artes dando uma boa amostra do que o país tem a oferecer.
E não foi só isso, o Brasil ainda ganhou a Medalha de Ouro de Melhor Produção com BR-3, do Teatro da Vertigem.
Os outros vencedores foram:
Medalha de Ouro para Melhor Design de Palco: Numen/For Use from Croatia
Medalha de Ouro de Melhor Figurino: ‘Inhabiting Dress’ de Emma Ransley da Nova Zelândia
Medalha de Ouro de Melhor Trabalho em Arquitetura Teatral e Espaço de Performance: México e Grécia
Medalha de Ouro de Melhor Uso da Tecnologia do Teatro: Numen/For Use da Croácia
Medalha de Ouro para Melhor Exibição Estudantil: Letônia
Lembram do stand com a proposta do mesmo cenário para 4 peças diferentes? Pois é, as vezes um cenário é como a própria narrativa, se você consegue acompanhá-lo em todas as suas áreas, é sinal que ele está bem feito.
Medalha de Ouro para Melhor Conceito Curatório: Hungria
Menção Honrosa por Excelência no Design de Som: Reino Unido
Medalha de Ouro pelo Talento Mais Promissor na Sessão de Estudantes: Noruega
Segundo o Juri: "The exhibit, ‘Erase the Play’, presented by these students is striking in its simplicity and in the harmony it evokes. It opens the mind to endless spatial possibilities."
Mas para mim, não passava de um monte de palets empilhados. A foto poderia até dar uma idéia do que eles formariam mas a apresentação deixou muito a desejar.
19 de julho de 2011
Diários de Praga 4 - Arquitetura e Entretenimento
Saindo do confinamento do Pavilhão principal da Quadrienal, o evento toma as ruas da cidade. A sessão de arquitetura foi montada na antiga igreja de Saint Anne com uma exposição de projetos de arquitetura para teatros e áreas de espetáculos oferecendo um panorama de como e onde se anda fazendo arte pelo mundo. Uma das exibições apresentava os vencedores de um concurso de reutilização da própria igreja como área para apresentações de diferentes tipos de espetáculos. No mezanino, aulas e palestras sobre arquitetura.
A reciclagem do espaço foi incrível e transformou a pequena igreja em um dos espaços mais agradáveis da Quadrienal. Entre os projetos em exibição a comparação entre os projetos brasileiros do Teatro Oficina feito por Lina Bo Bardi e o novo projeto ainda em fase de experimentação de João Batista Martinez.
13 de julho de 2011
Diários de Praga 3 - Com que Roupa Eu Vou?
Para um evento do tamanho da Quadrienal a exibição de figurinos deixou muito a desejar! Uma pequena área num subsolo escuro, depois da instalação doida e barulhenta da Noruega não tinha nem um décimo da beleza e do cuidado das outras áreas do evento. A exposição Extreme Costume apresentava modelos feitos dos mais diferentes materiais, de papel reciclado a gelo. Nos stands, os poucos que também apresentavam figurinos, o tema era o mesmo: como inovar no uso de materiais nos figurinos. De esponja de banho a fibra ótica, valia tudo.
Materiais para a peça "O Doente Imaginário" de Molière, dirigida por Carlos Corona e abaixo imagens do figurino idealizado por Jerildy Bosch. Esponja, panos de bandeja e tecidos baratos. |
Abaixo, fibra ótica no stand do Canadá
Figurino de gelo para a peça brasileira "A Menina e o Outono" de Leo Fressato e um vídeo para entender como ele era usado e o vestido de cápsulas de rifles e metralhadoras.
11 de julho de 2011
Diario de Praga 2 - Scenofest
Segundo dia de visita e lá fui eu ver os stands da Scenofest, área estudantil do evento mas que não perde em nada para os "adultos". A proposta no Scenofest é um pouco diferente, os stands privilegiam escolas e projetos feitos aulas, cursos ou concursos dentro das escolas. Sem ficarem tão presoas à curadoria que a mostra competitiva estava, os trabalhos da Scenofest eram diversos em todos os sentidos.
Adorei o stand do Uruguai pela cenografia inusitada e pela forma de apresentar seus projetos, mostrando que não precisamos nos prender a croquis ou maquetes para mostrar como se altera o espaco.
O stand da Bélgica veio bem humorado brincando com uma piada interna sobre vieiras, ostras e o próprio povo belga. Olhando de longe o espaço era absolutamente despretensioso até você começar a se divertir abrindo as ostras e achando projetos cenográficos e figurinos ao invés de pérolas.
"Trabalho de Japonês!" Foi a primeira coisa que cruzou a minha mente quando vi o espaço do Japão. Estátuas de Dorothy, Homem-de-Lata, Espantalho e do Leão d'O Mágico de Oz em tamanho natural e INTEIRAMENTE DE PAPEL ganharam o coração de todos. Segundo a curadoria japonesa no catálogo: "Um furacão no trouxe aqui e para isso precisamos fazer as coisas leves e compactas."
O Brasil aportou com um armazém entulhado de coisas mas, por mais que fosse visualmente lindo e muito bem atrelado ao conceito do stand dos "adultos", tinha tanta coisa que ficava difícil encontrar os projetos nas prateleiras. O bolo de fubá que saía em determinadas horas do dia, no entanto, perfumava o andar inteiro.
Mas, em meio a stands bem desenhados, loucos ou meio sem futuro mesmo, o elegante espaço de paredes pretas da Letônia era o que conseguia unir proposta e apresentação da melhor maneira sem parecer educacional. Os projetos respondiam a um desafio: criar uma mesma linha conceitual e cenográfico para 4 peças de autores consagrados: Shakespeare, Beckett, Checkov e Blaumanis
9 de julho de 2011
Diário de Praga
"At the still point of the turning world...", uma frase pinçada da obra de T. S. Elliot, é o mote da Quadrienal de Praga deste ano e, estabelecendo o diálogo com tudo o que o evento se propõe a oferecer, a frase é completada de diferentes maneiras em diferentes paredes ao longo dos pavilhões de exposição...
... elegant is the word;
... absorption and theatricality;
... interruption (is one of the fundamental devices of all structuring).
Até esta edição e por mais de 40 anos o nome completo da Quadrienal de Praga era: Prague Quadrennial International Exhibition of Scenography and Theatre Architecture (Quadrienal Internacional de Exibição de Cenografia e Arquitetura de Teatros de Praga) em 2011, devido a uma mudança de escopo na curadoria, o nome mudou para: Prague Quadrennial of Performance Design and Space (Quadrienal de Design de Performance e Espaço de Prago). Motivo? Basicamente multidisciplinaridade.
Os organizadores perceberam que durante anos a cenografia foi tratada na Quadrienal como uma "disciplina entre o visual e as artes performáticas" porém, atualmente, com todas as tecnologias e todas as possibilidades de misturas de áreas e disciplinas a cenografia evoluiu, agregou e era hora de expandir o evento para dar conta dessas mudanças.
Sob o teto da Galeria Nacional de Praga ou Veletrzni Palace (acentos em várias consoantes que meu teclado não permite) estavam trabalhos de cenografia, figurino, design de luz e som do mundo inteiro. Além de diversos locais espalhados pela cidade abrigando performances, teatro de bonecos, instalações, etc. Aí eu peguei o bonde 12 e fui bater lá. E é mais ou menos assim:
A Galeria Principal é dividida em dois espaços básicos: a competitiva mundial e a mostra estudantil, chamada Scenofest. Pelos andares se espalham stands de diferentes países que seguem um conteúdo escolhido por um curador do respectivo país.
Ver os stands é ver cenografia dentro de cenografia. Nós vemos os cenários e figurinos escolhidos de acordo com o tema e vemos como este tema foi representado no stand. Acaba sendo cenografia de teatro mas também de exposição, misturado com novas idéias para exibir itens que fisicamente não cabem naquele espaço.
No primeiro dia que cheguei gostei muitos dos stands de Israel, Chipre, Espanha, Cuba e Brasil.Chipre: O tema era abrangente, tratando das mudanças sociais e do crescimento do teatro no país. A palavra chave do conceito era "movimento". Como a movimentação entre opostos como destruição e construção, criatividade e "readymades" influenciam na criação do espaço.
O simpático stand acompanhava a palavra chave, tudo poderia ser movido e mudado, a estrutura inteira se desdobrava em portas, janelas, gavetas e olhos-mágicos para exibir os cenários. Interatividade sem tecnologia.
Espanha: cenografia simples para mostrar o tema mais palpável da Quadrienal. "Depois do Desenho", apresentava coletivos artísticos que trabalham artesanalmente com cenografia, adereços, figurinos, teatro de bonecos, etc numa forma de demonstrar que artes visuais unem tecnologia e trabalho manual e que seus profissionais mais habilidosos podem estar ameaçados de extinção. Sem dúvida, o item mais cobiçado do evento eram os impecáveis livros de fotografias que apresentavam cada artesão.
Islândia: o tema não era lá essas coisas, "Time and Water at the House of Memories" tinha um nome lindo e pouco a adicionar. Mas, a simpática casinha "desviada pro branco" atraiu quem passava. Segundo a curadoria islandesa, era uma instalação para mostrar o sofrimento e o esforço de sobrevivência de um artista dentro e fora de sua performance. Hummm...
Israel: o segundo stand do pavilhão chamava a atenção pela altura e pelo título, "Os mercadores de borracha" e pelas centenas de caixas de supostas camisinhas empilhadas. O stand homenageava Hanoch Levin, dramaturgo israelense.
Cuba: era a primeira vez que Cuba participava da Quadrienal. Um papel impresso colado em um totem de madeira explicava que isso se deu principalmente pelo fato das gerações de cenógrafos da ilha não concordarem muito entre si. 3 CubanGenerations é uma amostra brevíssima do que 3 gerações podem oferecer a um país. O melhor do stand era que é impossível não andar pela Quadrienal pensando como cada país ali financiou seu projeto e é mais impossível ainda não pensar que, provavelmente, países de primeiro mundo teriam mais dinheiro do que nós. E aí chega Cuba e faz um "não-stand" simples, sem monitores, sem panfleto, apenas flutuando no ar.
Brasil: entrando por um tradicional portão de ferro torcido o Brasil apresentava a cenografia como influência da cultural e do território nacionais. Um stand de cores vibrantes e inspirações regionais para não dizer quase que inteiramente nordestinas chamava a atenção de quem passava e foi um dos que apresentou a melhor ligação entre tema e apresentação. Direto ao ponto, bem executado, lindo. Só podia resultar em uma coisa: mas isso fica pro dia seguinte.
Assinar:
Postagens (Atom)